terça-feira, 22 de agosto de 2017

A expansão da intervenção militar dos EUA no Afeganistão

A notícia publicada hoje no jornal Guardian (ao qual podem aceder através deste link ) dá-nos conta de uma grande mudança na estratégia militar dos EUA e de Donald Trump (a exemplo do que vem sendo habitual  nas últimas decisões do Presidente dos EUA).

O Presidente anunciou que irá alterar a sua decisão de retirada das tropas do Afeganistão, optando antes por um reforço da presença no país, embora não tenha anunciado publicamente qual será o aumento de tropas do contingente americano no país. Sabe-se no entanto que a Casa Branca já deu permissão ao Pentágono para o aumento do seu contingente em 4.000 militares, aumentando o contingente actual de 8.400 efectivos no terreno.

Apesar de à primeira vista não deixar de ser um contra senso o Presidente Trump ter anunciado durante a campanha eleitoral que iria reduzir a presença americana no Afeganistão e agora contradizer uma das suas promessas eleitorais, esta mudança de decisão é na verdade bastante acertada e ponderada do ponto de vista estratégico.

Por muito mau que pareça os EUA colocarem mais tropas no “matadouro” que se tornou o Afeganistão,  esta é na verdade uma jogada estratégica inteligente por parte da equipa de assessores de Trump.

Com estas declarações, Trump coloca os governos paquistanês e afegão em cheque,  ameaçando um dos maiores aliados regionais da China na sua estratégia de contenção do poderio indiano (e também um dos maiores mercados de armas para a China), e lança uma “operação de charme” à India (que é o maior mercado militar da Rússia) e com isso ameaça alterar todo o equilíbrio de poder da região.
Ao mesmo tempo, os EUA conseguem manter uma presença militar perto do Irão, mantendo o seu regime sobre pressão e não permitindo que o Irão e Paquistão unam forças, nem que o Irão aumente a sua influência regional através de uma expansão para o Afeganistão, o que lhe iria permitir controlar a região estratégica do Balochistão, para além do facto do Paquistão ter ogivas nucleares no seu arsenal dissuasor, o que ira aumentar consideravelmente o risco de ameaça para Israel, inimigo declarado do Irão.

Fonte: Quora.com

Se com o aumento de tropas os EUA  conseguirem o que parece ser a sua intenção de “obrigar” os governos paquistanês e afegão a serem mais cooperantes no terreno,mantendo o regime taliban sobre controlo, salvaguardando os seus interesses no país e captar o apoio da Índia contra a China, este é um preço aceitável para as baixas militares e civis esperadas. De forma a evitar a redução dos índices de popularidade do Presidente Trump, para não prejudicar as suas hipótese de ser reeleito, é muito provável que este aumento de tropas seja feito com recurso a empresas privadas como a Academi (cujo anterior nome é Blackwater), agradando assim a um dos seus maiores apoiantes durante as eleições (Erik Prince). Resta ver qual será a reacção da troika Rússia/China/Irão a este aumento do efectivo militar americano.

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